quarta-feira, 8 de junho de 2005

INQUIETUDE NOS QUARTÉIS

A “Revista do Clube Militar”, que começou a circular na última segunda-feira, dia 06 de junho, faz duras críticas a Lula e classifica a República, hoje, de “desmoralizada e envergonhada”
Brasília (Agência Estado)
A temperatura começa a subir nos quartéis, e os militares não escondem mais a “apreensão” com o “momento político” e com o “emaranhado de crises” que, acreditam, está desaguando em um “quadro preocupante que pode, até mesmo, comprometer a ordem institucional”. Esse quadro de revolta estará retratado no editorial da “Revista do Clube Militar”, que começa a circular nesta segunda-feira, assinado pelo presidente do Clube, general Luiz Gonzaga Schroeder Lessa, fazendo duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e classificando a República, hoje, de “desmoralizada e envergonhada”. As queixas, que antes se restringiam às questões salariais, agora transbordaram para as questões políticas, engrossando o caldeirão de problemas enfrentados pelo Palácio do Planalto, que certamente vive a sua mais grave crise. O general Lessa, que integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), órgão de assessoramento do presidente começa seu editorial falando das “enormes frustrações” e da “perplexidade geral” no País. Por ser da reserva, o general tem liberdade para falar, e pode traduzir o sentimento dos quartéis, pela sua credibilidade. No editorial, ele ressalta que a população que deu “quase um cheque em branco” ao governo Lula se depara, agora, com este mesmo governo “quase totalmente tolhido, paralisado, impossibilitado de retomar as iniciativas políticas”, que vê “avolumar-se ao seu redor um mar de deslavada corrupção”. E lembra que a corrupção, que diz estar em todos os níveis, não poupa nem mesmo “proeminentes figuras estreitamente ligadas e apoiadas pelo governo”. Mais adiante, ao citar que, à este quadro preocupante, se agregam as reivindicações salariais, e lembrar que o reajuste de 23% foi prometido por Lula, comandante supremo das Forças, o general Lessa comenta que “o presidente diz que não pode conceder o aumento dos vencimentos dos militares porque a economia do País não o permite”. Mas, parte para o ataque: “a questão não é econômica, "é fundamentalmente política e só cabe ao presidente a tomada de decisão”. De acordo com o general Lessa, “não importa que os Palocci da vida lhe digam e lhe provem, na sua matemática controvertida, que não há recursos orçamentários para o aumento”. E acrescentou: “a sua decisão não é a de um técnico, é de um político, e temos a certeza de que o atual mandatário tem a sensibilidade para perceber muito bem esta nuance, pois a vida inteira isso lhe ensinou”.
Dicotomia
O general Lessa avisa ainda ao presidente Lula que “a sua decisão (de não conceder o reajuste prometido) deixa mal, não apenas o seu vice-presidente e ministro da Defesa, mas, principalmente, os comandantes das Forças Singulares que, brigando até quase as últimas conseqüências, não têm mais nada a fazer, pior, não sabem o que dizer aos seus comandados, à sua tropa, estabelecendo-se perigosa dicotomia entre comandantes e comandados pela perda dos laços de confiança que governam as suas relações”. O presidente do Clube ressalta que “a maior preocupação” dos militares é que houve “a quebra de um laço quase que sagrado” no relacionamento dos militares, porque “é muito difícil não acreditar na palavra de um chefe, particularmente quando este chefe é o Comandante Supremo”. Ainda de acordo com editorial, “se nada é possível conceder, que não se façam promessas”, justificando que “não compreendem um não quando uma promessa é rompida”. Para ele, “é difícil aceitar um não” quando presenciam tantas diferenças de tratamentos.Lessa encerra o editorial dizendo que o sentimento dos militares é que eles estão sendo “discriminados, desprezados e relegados a um segundo plano”, sendo que eles representam a instituição brasileira em que mais o povo respeita e confia. “As promessas foram tantas e não cumpridas, que comprometem a nossa confiança por melhores dias”.Na mesma revista, os leitores poderão encontrar ainda a cópia de uma carta assinada pelo general Lessa e pelos presidentes dos Clubes da Aeronáutica, brigadeiro Ivan Frota, e Naval, almirante Odilon Wollstein, que foi enviada ao presidente Lula, em maio passado, e para a qual não obtiveram resposta. Nela, lembram a “penúria” das Forças Armadas e a situação “vexatória” a que os militares têm sido submetidos por causa dos de baixos salários, que levaram as mulheres às ruas, “substituindo os seus maridos que, presos às amarras disciplinares têm se contido em indesejáveis pronunciamentos públicos”, já que a disciplina, a coesão e o espírito militar “os impõe a isso”. Mas, em seguida, os presidentes dos clubes questionam “até quando?” Os militares permanecerão impassíveis e, “ansiosos”, pedem ao presidente que “seja honrado o compromisso anteriormente feito por esse governo, sob a égide da autoridade suprema que Vossa Excelência representa.” Neste domingo, mais uma vez, as mulheres dos militares que estão acampadas há mais de 30 dias na Esplanada dos Ministérios, farão mais um protesto, que já estão incomodando o presidente Lula.

3 comentários:

Anônimo disse...

Vou além, considerando que o Lula e companhia tiveram seu quinhão de pau de arara durante a ditadura isso não seria algum tipo de revanchismo? E indo mais além ainda, a quem interessa forças militares fracas e desestabilizadas?

Anônimo disse...

A grande questão reside na promessa feita pela autoridade suprema do país e pela quebra dessa mesma promessa.
Isso pode criar sim uma crise institucional.
Palocci, ao pressionar o presidente a não cumprir a promessa, desautoriza o presidente, coloca-se acima dele e o põe numa sinuca de bico, da qual parece que ele não mostra sensibilidade e discernimento para sair.

Anônimo disse...

IMPEACHMENT JÁ!!!
OQ HÁ DE DIFERENTE ENTRE O LULA E O COLLOR? O LULA SABIA DO MENSALÃI E N FEZ ND!! Q ABSURDO!!