Os estudiosos do fenômeno social do tráfico e do uso de drogas ilícitas sempre se debruçaram sobre uma questão até agora insolúvel:
Como saber quanta droga é efetivamente consumida em um determinado universo e quanta droga é retirada de circulação pela polícia?
Ou seja, quanta droga traficada consegue burlar a vigilância das autoridades e chegar até o consumidor final?
Quase todas as polícias do mundo sucumbem à tentação de aferir sua suposta eficiência através de mapas estatísticos que demonstram que suas apreensões de drogas crescem ano após ano.
O público é levado a acreditar que se a polícia apreende cada vez mais drogas é porque está melhorando seu desempenho, retirando cada vez maiores quantidades de drogas de circulação.
Pode ser pura ilusão, já que não é possível aferir quanta droga a polícia não conseguiu apreender e chegou até os consumidores finais.
Se o consumo de drogas cresce em percentuais maiores do que os que são apreendidos, isso significa que a polícia está menos, e não mais, eficiente.
Por outro lado, teoricamente, é possível que apreensões cada vez menores de drogas possam significar uma atuação mais eficaz da segurança pública, se isso ocorrer em um contexto em que também se verifique uma significativa redução do consumo.
Enfim trata-se de uma cifra negra de difícil solução e sempre que o noticiário expõe números sobre quantidades de drogas apreendidas e sua correspondente parcela de drogas efetivamente consumidas, apenas o primeiro número é confiável e verificável, o segundo número é apenas uma estimativa e, estimativa, é apenas um outro e pomposo nome para palpite.
Como saber quanta droga é efetivamente consumida em um determinado universo e quanta droga é retirada de circulação pela polícia?
Ou seja, quanta droga traficada consegue burlar a vigilância das autoridades e chegar até o consumidor final?
Quase todas as polícias do mundo sucumbem à tentação de aferir sua suposta eficiência através de mapas estatísticos que demonstram que suas apreensões de drogas crescem ano após ano.
O público é levado a acreditar que se a polícia apreende cada vez mais drogas é porque está melhorando seu desempenho, retirando cada vez maiores quantidades de drogas de circulação.
Pode ser pura ilusão, já que não é possível aferir quanta droga a polícia não conseguiu apreender e chegou até os consumidores finais.
Se o consumo de drogas cresce em percentuais maiores do que os que são apreendidos, isso significa que a polícia está menos, e não mais, eficiente.
Por outro lado, teoricamente, é possível que apreensões cada vez menores de drogas possam significar uma atuação mais eficaz da segurança pública, se isso ocorrer em um contexto em que também se verifique uma significativa redução do consumo.
Enfim trata-se de uma cifra negra de difícil solução e sempre que o noticiário expõe números sobre quantidades de drogas apreendidas e sua correspondente parcela de drogas efetivamente consumidas, apenas o primeiro número é confiável e verificável, o segundo número é apenas uma estimativa e, estimativa, é apenas um outro e pomposo nome para palpite.
A novidade nessa área vem, do primeiro mundo.
Pesquisadores têm analisado rios na Europa e nos Estados Unidos em busca de traços de consumo de cocaína, mais especificamente em busca da benzoilecgonina, substância eliminada pela urina e que é o resultado do metabolismo da cocaína no organismo humano.
O resultado da análise da água dos rios levou à conclusão de que o uso da cocaína é provavelmente muito maior do que o anteriormente imaginado - e os nova-iorquinos são os maiores consumidores de cocaína de todos.
No ano passado, um estudo instigado pela "Spiegel Online" ganhou as manchetes: peritos analisaram os rios da Alemanha em busca de vestígios de uma substância produzida pelo corpo humano em razão do consumo de cocaína e os resultados foram abundantes.
Os números encontrados revelaram, entre outras coisas, que os moradores em torno da bacia de drenagem do Rio Reno, perto de Düsseldorf, consumiam cerca de 11 toneladas de cocaína por ano.
O valor de venda nas ruas: cerca de 1,64 bilhão de euros.
Agora os peritos do Instituto de Pesquisa Biomédica e Farmacêutica (IBMP) de Nuremberg expandiram seu método para outros países da União Européia e para os Estados Unidos.
Os resultados são semelhantes aos de 2005: as estimativas oficiais anteriores para uso de cocaína, que dependem altamente de estatísticas policiais, são aparentemente baixas demais.
Por exemplo, em Nova York, as equipes do IBMP analisaram o Rio Hudson e encontraram subprodutos de um consumo projetado de cocaína que totaliza 16,4 toneladas por ano.
Por exemplo, em Nova York, as equipes do IBMP analisaram o Rio Hudson e encontraram subprodutos de um consumo projetado de cocaína que totaliza 16,4 toneladas por ano.
Há aproximadamente 3,4 milhões de pessoas com idades entre 15 e 65 anos na bacia do Hudson.
Segundo o "Relatório Mundial de Drogas" da ONU, 2,8% dos americanos nesta faixa etária usam cocaína pelo menos uma vez por ano.
Isto significaria que cerca de 95 mil pessoas são responsáveis por um consumo anual de 16,4 toneladas de cocaína pura, uma taxa per capita de 172 gramas por ano.
Mas o "Relatório Mundial de Drogas" diz que o usuário médio, pelo menos na Europa Ocidental e Central, consome apenas 35 gramas de cocaína pura por ano.
A menos que o apetite médio do americano seja consideravelmente maior, as estimativas atuais de consumo geral provavelmente são baixas demais.
Ou há mais cocainômanos do que o refletido nas estatísticas oficiais, ou eles cheiram bem mais pó por ano do que é suposto.
E há mais.
O diretor do IBMP, Fritz Sörgel, disse que há várias outras informações fornecidas por seu estudo:
-Boa notícia para a Alemanha: o consumo de cocaína, segundo seus dados, estagnou.
-Nova York mantém seu reinado como Capital Mundial da Cocaína.
É possível quase ficar tentado a censurar os nova-iorquinos por desperdiçarem a droga.
Em nenhum outro lugar os pesquisadores encontraram uma cocaína tão pura quanto encontram no Rio Hudson.
A Europa está avançando no consumo de cocaína, com a Espanha liderando bravamente.
Os britânicos e italianos também exibiram um apetite ávido por cheirar.
Mas os detalhes variam de cidade para cidade.
No rio Potomac de Washington, os químicos do IBMP encontraram traços de um consumo per capita anual de 73 gramas de cocaína, enquanto a Baía de San Francisco indica um uso anual de pouco mais que 40 gramas por pessoa.
Na Europa, o padrão é semelhante.
Segundo as atuais estimativas da União Européia, cerca de 1% da população da Alemanha entre 18 e 59 anos consome cocaína pelo menos uma vez por ano.
Com base nas medições do IBMP, isto significa que o usuário médio de cocaína em Nuremberg consome meras seis gramas por ano, enquanto em Mannheim o número fica próximo de 55 gramas.
Fritz Sörgel, o diretor do IBMP, disse que discrepâncias significativas entre medições individuais são resultado de dois fatores.
Fritz Sörgel, o diretor do IBMP, disse que discrepâncias significativas entre medições individuais são resultado de dois fatores.
Primeiro, os pesquisadores obtiveram suas amostras em épocas diferentes do ano e em momentos diferentes do dia.
Segundo, as medições nem sempre foram realizadas na mesma distância das saídas de esgoto.
Eles não retiraram as amostras diretamente das usinas de tratamento, onde o subproduto benzoilecgonina é decomposto em cerca de 80%, mas sim examinaram a água após seu despejo de volta ao rio.
Dependendo da distância ao ponto de reentrada, a água da usina de tratamento de esgoto é mais (ou menos) diluída pelo restante da água do rio.
"Mas as várias medições em diferentes estações, momentos do dia e distâncias dos pontos de entrada devem resultar em um quadro geral confiável", disse Sörgel.
Além disso, os resultados nos Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Holanda, Áustria e República Tcheca espelham aproximadamente o ranking estabelecido de países.
"Nós ainda não estamos lidando com um método científico estabelecido para a determinação exata do consumo nacional de cocaína", destacou Sörgel em uma entrevista para a "Spiegel Online".
Sua equipe está apenas dando os primeiros passos para fornecer base científica para os atuais levantamentos.
De fato, uma oportunidade para comparar os resultados não está distante: o Centro Europeu de Monitoramento de Drogas (EMCDDA) apresentará seu mais recente relatório anual em Bruxelas, na quinta-feira.
Mas tais pesquisas têm um ponto fraco crucial: como a cocaína é uma droga ilegal, os resultados de pesquisas voluntárias geralmente apresentam tendência de ficar abaixo da realidade.
Consumidores pesados em particular são difíceis de se alcançar com este método e mostram "uma tendência de atenuação", escreveu o Escritório Federal de Investigação Criminal (BKA) da Alemanha em seu "Relatório Anual da Situação dos Narcóticos de 2004".
As autoridades devem portanto esperar "uma atenuação não insignificante dos números reais" em tais pesquisas.
5 comentários:
Perfeito Rayol.
Parabéns.
Prezado Chefe,não seria esta a hora de começarmos a repensar a atual estratégia de redução de oferta de entorpecentes, já que, ao que parece,aumenta na nossa sociedade a necessidade dos indivíduos ter, de alguma forma, se drogar?
Tenho duas filhas uma com idade de dezoito e outra quinze.
Sem pedir a vossa permição, mas achei muito prestativo em copiar e mostrar para minhas filhas, esta imagem desta infeliz jovem que perdeu uma vida por causa desta maldita droga.
Se tiver mais matérias, e imagens, onde podemos mostrar aos nossos filhos o perigo das drogas, será muito benéfico.
Eu falo com elas sobre o mal das drogas e mesmo do cigarro, eu sou uma pessoa que nem fumo e quando fiquei sabendo atravéz dos outros que minha filha fumava, para mim ja foi uma tristeza, e hoje ela não consegue viver sem o cigarro, na idade da dezoito anos, imagine se um dia vier usar drogas, espero que não, mas minha preocupação é grande.f
Muito bom Antonio
Isso que eu chamo de ladeira abaixo sem freios
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