Na década de 80, visitei o departamento de polícia da cidade
de Miami e fui muito bem recebido. Após assinar um termo de responsabilidade
foi permitido que eu, como policial estrangeiro, participasse como observador
de um turno de patrulha em uma viatura que atuava em uma área do centro da
cidade. Em dado momento, o policial flagrou um veículo “furando” um sinal
vermelho. O policial seguiu o carro, deu um leve toque na sirene e usando o sistema
de som da viatura pediu ao motorista que encostasse o carro no que foi
obedecido. O policial desceu do carro se aproximando da janela do motorista e
pediu a habilitação, o documento do carro e informou que o motorista seria multado
pelo avanço de sinal.
O motorista tentou argumentar, mas se irritou ao perceber
que o policial preenchia o talão de multas e passou a dirigir impropérios e
xingamentos ao policial que parecia não ouvir nada! O policial terminou de
preencher o formulário, entregou a multa ao motorista e retornou à viatura
voltando ao patrulhamento. Como eu acompanhei tudo, alguns minutos depois tomei
coragem e perguntei ao policial se ele havia ouvido os xingamentos, ao que ele
respondeu afirmativamente e explicou que o motorista tinha o direito de se sentir
contrariado e podia xingar à vontade a única coisa que o motorista não podia
fazer era “tocar” no policial, porque isso seria considerado agressão e seria
caso de prisão!
Há uma lição importante nesse episódio: o funcionário
público muitas vezes contraria interesses no exercício de sua função e deve
estar preparado para receber críticas por mais ácidas que sejam! Se o servidor
público não sabe lidar com críticas, de duas uma: ou não tem noção do seu papel
na sociedade ou não reúne condições de servir ao público!
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