Artigo do editor deste VOX LIBRE publicado no PORTAL IG na data de ontem (para ir ao PORTAL IG basta clicar no link do título deste post):
DIREITO DE ESCOLHA
Em razão de minha condição de profissional de polícia, ao longo de minha carreira, fui procurado diversas vezes por pessoas que desejavam meu aconselhamento técnico como Instrutor de Tiro Policial credenciado pela Academia Nacional de Polícia.
Eram profissionais liberais, empresários, pequenos comerciantes, enfim, cidadãos de todos os tipos que, justificadamente assustados com a crescente onda de violência e criminalidade que assola nossas grandes cidades, cogitavam a hipótese de adquirir uma arma de fogo, imaginando que assim poderiam se defender em caso de uma investida criminosa.
Desejavam saber qual o tipo de arma mais indicado para auto defesa (revólver ou pistola), qual o calibre adequado, qual a melhor marca e modelo, como proceder para obter uma autorização para porte de arma, et coetera...
Em todas as ocasiões procurei fornecer de forma didática e isenta a maior quantidade possível de informações, sem no entanto me furtar a tecer algumas considerações que iam além do mero aspecto técnico da questão.
Armas de fogo, como qualquer ferramenta, são amorais, o elemento humano é que determinará a destinação que lhe será dada e, considerando o potencial dano que poderá ser causado pelo seu mau uso, seu possuidor deve ter sempre em mente a imensa responsabilidade que envolve a posse e a guarda de uma arma de fogo.
Também sempre chamei a atenção para o fato de que mesmo um atirador experimentado e altamente treinado em um estande de tiro pode enfrentar grande dificuldade em uma situação real de combate, onde o alvo não é uma folha de papel mas outro ser humano igualmente armado e disposto a atirar.
Não sei dizer quantos, dentre os que me consultaram, seguiram adiante no seu intento de adquirir uma arma de fogo ou simplesmente desistiram do projeto.
Embora, como dito há pouco, eu tenha tentado ser isento, confesso que meu discurso deve ter feito a maioria de meus consulentes abandonar sua idéia inicial, mas o fato é que todos tiveram o direito de decidir se adquiriam ou não uma arma de fogo.
O direito de escolha do cidadão é uma das características do Estado Democrático de Direito e sua antítese é o Estado Totalitário onde os cidadãos só têm o “direito” de compartilhar as idéias e opiniões aprovadas pelos detentores do poder.
No próximo dia 23 de outubro um referendo vai submeter à população eleitora a seguinte questão: “O comércio de armas de fogo e munições deve ser proibido no Brasil?” e quem responder SIM estará apenas suprimindo um direito de escolha e nada mais do que isso.
A vitória do SIM não vai desarmar os criminosos, não interromperá a escalada do crime e da violência nas nossas cidades nem acabará com o comércio ilegal de armas, mas apenas fortalecerá o mercado negro que já existe.
A vitória do SIM dará ainda aos criminosos a certeza de que os riscos de suas atividades serão ainda menores do que já são hoje, pois a possibilidade de enfrentar alguma reação armada de suas vítimas estará reduzida a praticamente zero.
Um dos principais argumentos dos defensores do SIM é de que as armas legais em poder dos cidadãos de bem acabam indo parar nos arsenais dos criminosos, ou seja, a culpa é dos homens de bem, basta que se lhes tirem as armas de fogo para que os bandidos não possam mais se abastecer em tal “fonte”.
Trata-se de um raciocínio perverso, cínico e mal intencionado!
Em um país sério a solução do problema seria tirar os bandidos das ruas, entretanto, como o poder público se mostra incapaz de conter a audácia e a desenvoltura com que os criminosos transformaram as ruas de nossas cidades em território de caça, a solução mais fácil é culpar o cidadão e enganar toda a sociedade com um referendo cujo resultado esperado pelo governo (a vitória do SIM) não vai mudar absolutamente nada em relação à violência e criminalidade.
Os bandidos não irão mais roubar armas legais dos cidadãos de bem, mas continuarão roubando sem problemas tudo o mais que os homens de bem tenham de valor e que conseguem adquirir com o seu duro trabalho honesto.
A legislação vigente desde 2003 já é dura e adequada o suficiente para retirar das ruas as armas ilegais e punir rigorosamente o mau uso das legais, só é preciso agora uma polícia proba, bem equipada, bem treinada e bem remunerada para que os bons resultados apareçam mas isso, é mais difícil e bem mais caro, daí o referendo milagroso.
Sou absolutamente contrário à idéia de que as pessoas devam se armar para enfrentar a criminalidade, como também sou contra a violência e a criminalidade, contra as mortes causadas por armas de fogo ou pelo trânsito caótico e irresponsável (que MATA MAIS do que as armas de fogo), mas também sou contra a supressão do direito de escolha dos cidadãos e contra a bazófia marqueteira de governantes ineptos e por isso, no próximo dia 23 votarei NÃO!
Quando as armas de fogo forem tornadas ILEGAIS só os FORA DA LEI terão armas!!!
ANTONIO RAYOL é Delegado de Polícia Federal de Classe Especial, fundador e conselheiro do IBDC – Instituto Brasileiro de Direito e Criminologia e membro do COMAD – Conselho Municipal Anti Drogas da Cidade do Rio de Janeiro.
DIREITO DE ESCOLHA
Em razão de minha condição de profissional de polícia, ao longo de minha carreira, fui procurado diversas vezes por pessoas que desejavam meu aconselhamento técnico como Instrutor de Tiro Policial credenciado pela Academia Nacional de Polícia.
Eram profissionais liberais, empresários, pequenos comerciantes, enfim, cidadãos de todos os tipos que, justificadamente assustados com a crescente onda de violência e criminalidade que assola nossas grandes cidades, cogitavam a hipótese de adquirir uma arma de fogo, imaginando que assim poderiam se defender em caso de uma investida criminosa.
Desejavam saber qual o tipo de arma mais indicado para auto defesa (revólver ou pistola), qual o calibre adequado, qual a melhor marca e modelo, como proceder para obter uma autorização para porte de arma, et coetera...
Em todas as ocasiões procurei fornecer de forma didática e isenta a maior quantidade possível de informações, sem no entanto me furtar a tecer algumas considerações que iam além do mero aspecto técnico da questão.
Armas de fogo, como qualquer ferramenta, são amorais, o elemento humano é que determinará a destinação que lhe será dada e, considerando o potencial dano que poderá ser causado pelo seu mau uso, seu possuidor deve ter sempre em mente a imensa responsabilidade que envolve a posse e a guarda de uma arma de fogo.
Também sempre chamei a atenção para o fato de que mesmo um atirador experimentado e altamente treinado em um estande de tiro pode enfrentar grande dificuldade em uma situação real de combate, onde o alvo não é uma folha de papel mas outro ser humano igualmente armado e disposto a atirar.
Não sei dizer quantos, dentre os que me consultaram, seguiram adiante no seu intento de adquirir uma arma de fogo ou simplesmente desistiram do projeto.
Embora, como dito há pouco, eu tenha tentado ser isento, confesso que meu discurso deve ter feito a maioria de meus consulentes abandonar sua idéia inicial, mas o fato é que todos tiveram o direito de decidir se adquiriam ou não uma arma de fogo.
O direito de escolha do cidadão é uma das características do Estado Democrático de Direito e sua antítese é o Estado Totalitário onde os cidadãos só têm o “direito” de compartilhar as idéias e opiniões aprovadas pelos detentores do poder.
No próximo dia 23 de outubro um referendo vai submeter à população eleitora a seguinte questão: “O comércio de armas de fogo e munições deve ser proibido no Brasil?” e quem responder SIM estará apenas suprimindo um direito de escolha e nada mais do que isso.
A vitória do SIM não vai desarmar os criminosos, não interromperá a escalada do crime e da violência nas nossas cidades nem acabará com o comércio ilegal de armas, mas apenas fortalecerá o mercado negro que já existe.
A vitória do SIM dará ainda aos criminosos a certeza de que os riscos de suas atividades serão ainda menores do que já são hoje, pois a possibilidade de enfrentar alguma reação armada de suas vítimas estará reduzida a praticamente zero.
Um dos principais argumentos dos defensores do SIM é de que as armas legais em poder dos cidadãos de bem acabam indo parar nos arsenais dos criminosos, ou seja, a culpa é dos homens de bem, basta que se lhes tirem as armas de fogo para que os bandidos não possam mais se abastecer em tal “fonte”.
Trata-se de um raciocínio perverso, cínico e mal intencionado!
Em um país sério a solução do problema seria tirar os bandidos das ruas, entretanto, como o poder público se mostra incapaz de conter a audácia e a desenvoltura com que os criminosos transformaram as ruas de nossas cidades em território de caça, a solução mais fácil é culpar o cidadão e enganar toda a sociedade com um referendo cujo resultado esperado pelo governo (a vitória do SIM) não vai mudar absolutamente nada em relação à violência e criminalidade.
Os bandidos não irão mais roubar armas legais dos cidadãos de bem, mas continuarão roubando sem problemas tudo o mais que os homens de bem tenham de valor e que conseguem adquirir com o seu duro trabalho honesto.
A legislação vigente desde 2003 já é dura e adequada o suficiente para retirar das ruas as armas ilegais e punir rigorosamente o mau uso das legais, só é preciso agora uma polícia proba, bem equipada, bem treinada e bem remunerada para que os bons resultados apareçam mas isso, é mais difícil e bem mais caro, daí o referendo milagroso.
Sou absolutamente contrário à idéia de que as pessoas devam se armar para enfrentar a criminalidade, como também sou contra a violência e a criminalidade, contra as mortes causadas por armas de fogo ou pelo trânsito caótico e irresponsável (que MATA MAIS do que as armas de fogo), mas também sou contra a supressão do direito de escolha dos cidadãos e contra a bazófia marqueteira de governantes ineptos e por isso, no próximo dia 23 votarei NÃO!
Quando as armas de fogo forem tornadas ILEGAIS só os FORA DA LEI terão armas!!!
ANTONIO RAYOL é Delegado de Polícia Federal de Classe Especial, fundador e conselheiro do IBDC – Instituto Brasileiro de Direito e Criminologia e membro do COMAD – Conselho Municipal Anti Drogas da Cidade do Rio de Janeiro.
10 comentários:
Como é a célebre frase (Vitor Hugo, se não me engano): "Posso não concordar com uma palavra que você diga, mas defenderei até fim o direito de dizê-la"
Ótimo texto, parabéns.
Excelente texto.
forny
A bandidagem toda vai votar no sim, claro, o trabalho deles ficará ainda mais seguro.A propaganda do sim diz que toda briga entre vizinhos que têm armas acaba em mortes, toda criança que por descuido do pai pega em sua arma de fogo chacina toda a família por diversão... É muita asneira. O próprio Ministro da Justiça disse esse desarmamento só irá desarmar cidadãos comuns, nunca os meliantes.Será que vão deixar pelo menos nós termos uma foice e um martelo para quando a revolução comunista chegar?
Aquedstão é que quando um povo é desarmado a chance de ser dominado aumenta potencialmente.
Ótimo texto delegado! Parabéns!
Bom feriado!
Sds...Elaine Paiva
Por isto meu voto é 1 - NÃO.
Muito bom ,mesmo .
Vc autoriza, eu copiar o seu texto, lógicamente colocando os créditos, no meu blog ?
Aguardo sua resposta .
Bom feriado :)
Claro que a reprodução está autorizada.
Excelente texto!
TECLE 1 - VOTE NÃO.
Postar um comentário