Copacabana, segunda-feira, 6 horas da manhã!
Mais uma semana de trabalho se iniciava e a movimentação nas ruas começava ainda meio tímida, pouca gente circulando, lojas fechadas e apenas bancas de jornais e, claro, as padarias em pleno funcionamento.
Pois a encrenca começou justamente em uma padaria já veterana na rotina de ser roubada.
Quatro criminosos armados entraram no estabelecimento e anunciaram o assalto no exato momento em que uma viatura da polícia militar passava pelo local e percebeu o que acontecia.
Foi o bastante para abrir as portas do inferno!
Os quatro criminosos iniciaram a fuga abrindo caminho a bala.
A perseguição durou intermináveis minutos e se estendeu por pelo menos cinco ruas do bairro, mais de vinte policiais se juntaram aos perseguidores iniciais e o bairro virou uma praça de guerra.
No final da batalha um ladrão estava morto, dois presos e um conseguiu escapar.
Uma jovem transeunte de 18 anos levou um tiro na cabeça e foi internada em estado grave com sério risco de morte, além de dois policiais feridos.
O impressionante foi a quantidade de marcas de tiros espalhadas pelo bairro e há quem afirme que eram centenas de marcas de bala em paredes, vitrines, automóveis, etc...
Se tal tiroteio ocorresse não às seis horas da manhã, mas num horário de funcionamento normal do bairro certamente a tragédia teria tido proporções muito mais graves.
É claro que a polícia usa armas de fogo exatamente para subjugar bandidos igualmente armados, e também é óbvio que criminosos em fuga não estão nem um pouco preocupados com a possibilidade de atingirem inocentes, mas o problema é que os policiais não podem disparar suas armas com a mesma irresponsabilidade.
A impressionante quantidade de buracos de balas espalhados pelas ruas de Copacabana evidencia que a prodigalidade dos policiais militares em distribuir tiros é diretamente proporcional à sua má pontaria!
E não é a primeira vez que isso acontece!
Logo vai aparecer alguém para dizer que coisas assim acontecem em qualquer lugar do mundo!
MENTIRA!!!
Em lugares civilizados isso não acontece.
Em cidades "normais" o policiamento de rua usa armamento "leve" como pistola ou revólver.
Armas pesadas como fuzis de assalto e metralhadoras são de uso exclusivo de esquadrões de elite da polícia cujos homens, acionados apenas em ocasiões especiais, são especialmente treinados para o uso de tais armamentos com altissimo poder de destruição.
Como aqui no Brasil as pessoas foram levadas a acreditar que a questão da segurança pública é uma mera corrida armamentista entre polícia e bandidos, na base do "o meu é maior que o seu", armamento pesado passou a ser equipamento padrão do policiamento normal de rua e qualquer viatura policial desfila pelas ruas com fuzis "espetados" para fora das janelas.
Coisa pior ainda é o fato de que há policiais carregando fuzis sem que tenham recebido treinamento mínimo adequado para seu uso.
Como já dito, esse não foi o primeiro tiroteio, nem terá sido o último!
O programa FANTÁSTICO levado ao ar pela TV GLOBO no domingo passado exibiu reportagem sobre o número de vítimas de "balas perdidas" no Rio de Janeiro, foram 176 apenas em 2006.
É quase possível afirmar que dia sim, dia não, alguém "encontrou" uma "bala perdida"...