sexta-feira, 25 de abril de 2014

A MAIS DIFÍCIL EMPREITADA

Texto deste blogueiro publicado no jornal O GLOBO, edição de 15 de abril de 2014, no link:
http://oglobo.globo.com/rio/a-mais-dificil-empreitada-12208852

 

A sociedade carioca vem acompanhando com grande interesse o desenvolvimento do programa de implantação das UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadoras), com a esperança de que a erradicação das facções criminosas baseadas nas comunidades carentes da cidade permita a redução dos índices de criminalidade a níveis mínimos aceitáveis, em padrões de metrópoles civilizadas.
Entretanto, nos últimos tempos, eventos ocorridos na circunscrição de UPP’s já em funcionamento vem gerando enorme preocupação: policiais tem sido atacados e mortos em emboscadas, instalações físicas de UPP’s vem sendo depredadas, entre outras ações audaciosas promovidas por criminosos cujo propósito claro é o de desafiar as autoridades e aterrorizar a população em geral.
Atualmente, como preparação para a instalação de mais uma UPP, efetivos das Forças Armadas estão sendo empregados na ocupação e patrulhamento das várias comunidades carentes que integram o chamado Complexo da Maré.
Trata-se, sem qualquer dúvida, da mais difícil empreitada já enfrentada no programa das UPP’s.  
O complexo da Maré, sob o ponto de vista de estratégia militar é um verdadeiro pesadelo para quem pretende ocupá-lo confrontando forças hostis existentes em seu interior. Trata-se de um imenso aglomerado de construções desordenadas cortado por centenas de becos e vielas estreitas e, para piorar, em um terreno totalmente plano, o que significa que não há pontos elevados que possam ser ocupados para observar e controlar as áreas adjacentes.
Permanecem no interior do Complexo da Maré milicianos e traficantes de drogas de diferentes facções, fortemente armados e aparentemente dispostos a resistir à ação do Poder Público com táticas de guerrilha.
Mais do que nunca, é necessário investir pesadamente em ações de inteligência para que a polícia judiciária possa identificar, localizar e tirar de circulação os criminosos, pois tudo indica que não está mais funcionando a tática de afugentá-los de um lugar para outro.