Como
profissional da área de segurança pública sempre procurei estudar o assunto,
principalmente examinando a forma como funcionam as polícias de outros países e
gosto especialmente da organização das instituições policiais nos Estados
Unidos da América porque entendo que é o sistema que poderia ser implantado no
Brasil sem grandes traumas (os pequenos traumas serão inevitáveis), e, por esse
motivo, em todas as vezes em que visitei aquele país procurei manter contato
com policiais locais para aprender mais sobre o funcionamento do sistema deles.
Em uma dessas
oportunidades conheci um policial que trabalhava na temida e respeitada IAD da
polícia de Miami (a divisão de assuntos internos é a corregedoria deles), e em
nossa conversa ele me disse que o índice de desvios de conduta dos policiais
americanos era muito baixo porque as punições eram severas e a possibilidade de
perder o emprego estava sempre presente. Fiquei sabendo que a corregedoria da
polícia prestava especial atenção nas pessoas com quem os policiais mantinham
relações de amizade e para ilustrar a importância do tema ele me contou uma
história que até hoje não sei se aconteceu mesmo ou se é só uma fábula, mas
girava em torno de um presídio nas cercanias da pequena cidade de Redfield. Uma
vez por semana o ônibus da cadeia que ligava a capital ao presídio passava pela
cidade na ida e na volta levando presos que iam cumprir penas ou trazendo de
volta aqueles que seriam libertados. Quase sempre o ônibus fazia uma parada
rápida numa lanchonete na beira da estrada na entrada de Redfield onde alguns
guardas do presídio desembarcavam, pois a maioria deles morava em Redfield. No
imaginário dos moradores da cidade o ônibus da cadeia só era usado por
criminosos ou pelos guardas penitenciários até que um dia algo diferente
aconteceu: um promotor de vendas itinerante que visitava regularmente os
lojistas de Redfield desembarcou do ônibus da cadeia na entrada da cidade. Os
moradores de Redfield não sabiam, mas o carro do vendedor havia enguiçado na
estrada e alguns guardas que o conheciam ofereceram carona no ônibus! Para
encurtar a história pode-se dizer que o tal vendedor teve muito trabalho para
explicar que não havia sido preso porque as pessoas da cidade que já o
conheciam passaram a tratá-lo de forma diferente, para não dizer de forma
francamente hostil!
A moral da
história é que não se deve aceitar carona no ônibus da cadeia! Isso serve para
todos os aspectos da vida, principalmente no meio político onde alguns, na
busca ansiosa pelo poder, fazem alianças com pessoas que deviam estar no “ônibus
da cadeia”.
Depois não
entendem porque perdem eleitores!
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