domingo, 17 de julho de 2005

Tese do Delegado LORENZO!


Sáb, 16 Jul - 19h30
Tese traduz a gíria do tráfico de drogas
Agência Estado
"É só escama de peixe, não tem jiló. Dá uma fortalecida no pessoal do azeite e larga o bicho nos bruxo."
Se você não entendeu nada, o delegado Lorenzo Pompílio da Hora, que ficou cinco anos à frente da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal no Rio, pode ajudar.
É mais ou menos isso:
"É só cocaína boa, não tem da ruim. Vamos apoiar o pessoal da Morro do Dendê e mandar bala na polícia."
Professor de Direito Penal, Lorenzo montou um glossário de expressões do tráfico para sua tese de doutorado em Educação na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
No trabalho, ele constata a existência de uma linguagem voltada para a violência, que desperta no jovem uma "conduta guerreira".
O professor, de 45 anos, diz que, no Rio, em determinados lugares e circunstâncias, o uso da palavra adequada pode ser questão de vida ou morte.
O delegado participou de operações importantes da Polícia Federal, como as de busca e apreensão nas casas do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes e do ex-banqueiro Salvatore Cacciola, em 1999.
No ano passado, prendeu o publicitário Duda Mendonça numa rinha de galos na zona oeste do Rio.
Lorenzo conta que decidiu voltar a estudar após levar um tiro de fuzil no ombro, em outubro de 2002, e elegeu para sua tese o uso de expressões por jovens de 12 a 24 anos.
"Há uma ideologia, todo um imaginário social criminoso que vem sendo estruturado", afirma."
Apesar de expressões do tráfico como "já é" (é para já), terem se tornado de uso corrente até entre jovens da classe média, Lorenzo diz que a linguagem acirra a divisão de classes e gerações, esvaziando "o espaço destinado à educação", mas permite desenvolver novas construções lingüísticas.
"O crime organizado atingiu uma proporção que não pode ser mais enfrentada somente com repressão física", escreveu Lorenzo na proposta da tese.
"Há a necessidade de conhecermos a linguagem desses universos para que possamos interagir e desconstruir os ícones de violência."

3 comentários:

Elaine disse...

Eu li essa matéria, acho que no Portal Aprendiz, não tenho certeza. Achei muito interessante a tese do Delegado, pena que fique muito restrita á area do direito e dentro das Universidades.

Luiz Carlos FS Marques disse...

"Para combater e vencer seu adversário você tem que conhecê-lo"

Unknown disse...

Modéstia totalmente à parte, detesto fazer esse tipo de coisa: mas devo ressaltar que nós do JB demos essa matéria (eu e a repórter Waleska) um mês antes, graças ao delegado Lorenzo, que foi 1000 por cento conosco.